quarta-feira, 20 de junho de 2012

DIBS: em busca de si mesmo (Resenha)







Este livro escrito por Virginia M. Axline retrata a história de uma criança em busca de si mesma. A criança chama-se Dibs filho de um renomado cientista e de uma cirurgiã, irmão de Dorothy. Logo no começo do livro vemos a diferença entre ele e os demais alunos. Na hora de ir ao almoço na escola todas as crianças faziam o barulho habitual e corriam de um lado ao outro, mas Dibs se encontrava quieto, no canto da sala, cabeça baixa e braços dobrados. A psicóloga da escola tentou se aproximar da criança, mas não houve sucesso e o mesmo aconteceu com a pediatra, nele havia uma repulsa pelo jaleco branco onde o mesmo ficava com mãos em garra a ponto de se defender. E assim crescia a duvida se seria retardo mental, psicopatia ou até mesmo lesão cerebral. As equipes de professores começaram a ficar preocupados com o caso do garoto e decidiram tomar algumas atitudes quando os pais dos outros alunos começaram a reclamar do comportamento estranho de Dibs e sobretudo depois que ele arranhou uma criança. Nesse momento convidam a psicóloga Virginia para participar de uma reunião onde explanariam o caso de Dibs. Nessa reunião a professora diz que a mãe do garoto é complicada que ela prefere acreditar que o filho é um retardado mental do que emocionalmente perturbado e que talvez a própria mãe seja a responsável.  Virginia decide fazer ludoterapia com seu mais novo paciente caso os pais concordassem. Na manhã seguinte a psicóloga chega à escola primeiro que as crianças na busca de obter mais informações acerca de Dibs na tentativa de ajudá-lo a se alto decifrar. A professora Miss Jane diz que nunca se sabe o estado de ânimo dele que jamais alguém da escola o viu sorrindo ou um ar de felicidade. Virginia ficou ali observando as crianças chegando à escola, todas com ar de felicidade retirando seus chapéus pendurando cada um seu próprio cabide. Logo em seguida Dibs chegou com sua mãe que o conduziu pra sala de aula. A professora perguntou se ele gostaria de retirar o casaco, mas nada respondeu. A criança estava pálida e a professora como de costume tira o sobre tudo e o chapéu de Dibs. O garoto é chamado por outro colega, mas se não fosse pela rapidez do colega em se desviar levaria uma arranhão de Dibs. Os pais aceitam a ludoterapia e Dibs começa a chamar de D.A. a terapeuta Virginia. As terapias foram feitas no Centro de Orientação Infantil onde Virginia trabalhava. Os brinquedos iriam fazer a criança sentir suas próprias emoções buscando encarar o medo a fim de diminuir o sofrimento e dor. No inicio o analisando ficava quieto, mas depois foi se abrindo a terapia. As portas não poderiam ficar fechadas no começo e DIBS demonstrou que não gostava de seus pais e da irmã Dorothy. A forma como DIBS falava pra sua idade era impressionante, uma linguagem cheia de força. A cada sessão era notável um melhoramento e o primeiro sinal disso foi quando ele passou a tirar seu casaco e sapato. Começou a nascer uma resignificação onde o ódio, medo, raiva começaram a ser substituídos pelo sentimento de confiança e alegria. A criança passou há ficar menos tempo em seu quarto e foi sendo mais aceito em casa, passou a conversar mais com seus pais e já comia na mesa com a família. E pra animo dos professores, Dibs passou a se interessar por atividade em grupo e a fazer amizades, ao passo que foi percebido que a criança não tinha nenhum retardo mental pelo contrário era dono de uma inteligência incrível que se manteve guardada por tanto tempo, mas que agora estava sendo exteriorizada e trabalhada. Graças a D.A Dibs conseguiu se auto conhecer e demonstrar seus sentimentos, pois antes os sentimentos ficavam escondidos, guardados dentro de si causando momentos de crise raivosa. Dibs foi rejeitado desde o ventre de sua mãe a grande cirurgiã que assim que ficou grávida achou que tudo em sua vida tinha acabado e que sua carreia profissional estaria arruinada. E quando nasceu esse peso em suas costas aumentou ainda mais, pois a culpa da mãe trabalhar e do casamento não está tão satisfatório como antes estava sobre Dibs. Partindo disso nas sessões de ludoterapia Dibs descobriu que existe o perdão. A criança fez uso dessa ferramenta perdoando seus pais e sua irmã, podendo se abrir ao seu autoconhecimento, resignificação e crescimento. 


Dayvison Hebert

Sobre o início do tratamento (novas recomendações sobre a técnica da psicanálise I – 1913)


Freud coloca a Psicanálise como um processo de ressignificação aberto, onde cada caso é único, podendo o universal considerar o particular, e nunca o particular poderá ser o universal.  Quando ele nos ensina sobre as técnicas do tratamento psicanalítico, ele não fecha incondicionalmente a aceitação de suas técnicas, ao contrário, ele abre espaço para que possamos refletir e investigar o particular. Deste modo ele abre seu artigo sobre o início do tratamento estabelecendo esta meta: o início é certo, o que acontece entre o início e o final é que é completamente múltiplo. Contudo, Freud mostra que as suas técnicas são regras gerais que devem ser consultadas e revisitadas. Abaixo segue algumas de suas técnicas:
·         Da aceitação do analisando:
Quando não se ‘conhece’ bem o analisando aceitá-lo por um período provisório de até duas semanas, já que isso poderá evitar ao analisando o constrangimento e decepção de uma cura que falhou. Freud recomenda que ouçamos bastante o analisando neste período provisório para observar a analisabilidade do analisando, e que não devemos, enquanto psicanalista, falar e explicar-lhes “nada mais do que o absolutamente necessário”. Essa questão da analisabilidade trata-se, portanto, de ética, técnica e competência, já que o psicanalista pode colocar em descrédito a ciência psicanalítica quando acolhe e acompanha um analisando não analisável. Freud mostra a dificuldade quando o analista tem algum tipo de laço – social, familiar, amizade – com o analisando.
·         Do comportamento do analisando:
Para Freud, a confiança ou não do analisando pelo tratamento psicanalítico é desprezível, uma vez que ela será menos forte que as resistências que serão encontradas durante o tratamento, pois a profundidade da mente é espantosa.
·         Do tempo e do dinheiro:
O Mestre de Viena aborda a questão do tempo do seguinte modo: uma hora específica de seu dia de trabalho é reservada para o analisando desfrutar, sendo este responsável por utilizar, mesmo que não faça uso dela. Essa rigidez deve ser acordada entre analista e analisando, pois se houvesse um afrouxamento do horário, o analisando iria indubitavelmente recorrer às faltas “ocasionais”. Os dias em que Freud utilizava eram todos os dias, com exceção dos domingos e feriados oficiais.  Quanto ao dinheiro que será cobrado, Freud ensina a auto-preservação e obtenção do poder e os fatores sexuais atribuídos ao dinheiro são pontos que devem ser considerados na técnica psicanalítica. Assim, o analista deve tratar naturalmente, desde o início, do dinheiro como se trata qualquer questão pertinente que ele irá tratar com o seu analisando. Caso o valor cobrado de honorário seja baixo, aos olhos do analisando, o tratamento não terá valor elevado. Parece, para Freud, que a gratuidade do tratamento – algo que deve ser evitado, senão banido da ética psicanalítica – não contribui para o bom desenvolvimento e ressignificação das neuroses, de tal modo que o dinheiro e o analista têm um simbolismo para o analisando. Quando o tratamento não é pago, as resistências do analisando podem e tendem a aumentar.
·         Do setting analítico e do divã:
Para atender o analisando, Freud diz que é necessário ‘acolhê-lo’ no divã onde possa deitar confortavelmente e o analista ficará atrás do divã, fora das vistas do analisando. Tal posição é remanescente das origens psicanalíticas, com o método de hipnose.
·         Do material do tratamento:
Freud ensina que o início do tratamento deve dar-se por meio do próprio analisando, podendo ele tomar como começo qualquer ponto que seja de sua importância. Ao analista cabe admoestar seu analisando para que ele fale sobre si mesmo e que as ideias paralelas, adjacentes ou mesmo contrárias ao que pronuncia seja verbalizadas também, pois a associação livre é o cerne da técnica psicanalítica.
·         Do momento de revelar certos significados ao analisando:
O analista, segundo Freud, não deve pronunciar o significado de certos conteúdos inconscientes para seu analisando antes do momento de a transferência ter-se concretizado. É necessário, acima de tudo, que aconteça um rapport para que o tratamento psicanalítico seja efetivado. O primeiro objetivo da técnica em psicanálise é ligar o analisando ao analista, formando assim, a aliança terapêutica, imprescindível para o bom andamento da investigação das neuroses e suas ressignificações. Freud recomenda que o analista seja interessado no analisando e que não permita um posicionamento moral ou advogue pelo sofrimento do seu analisando, antes, contudo, deve o analista portar-se compreensivamente para assim criar a transferência.

·         Do interesse do analisando na clínica psicanalítica:

O que impulsiona o analisando a buscar a clínica psicanalítica e seu tratamento é justamente o sofrimento e o desejo de ser curado. Esta força motivadora continua até o final do tratamento, contudo, ela vai perdendo sua energia. Utilizar a força motivadora do analisando é papel do analista. Freud coloca que para melhor usar esta força para auxiliar o analisando em sua ressignificação, o analista deve compreender que esta força não sabe que caminho seguir para a ‘cura’ e que ela não tem energia suficiente para opor-se às resistências. De tal modo que, por meio das técnicas da psicanálise, o analista conseguirá proporcionar ao seu analisando um fortalecimento do ego e ressignificação de suas neuroses.

Diêgo Santana

Sexualidade em Freud: nova compreensão do homem





Em De Anima, Aristóteles mostra claramente o que é a alma e de modo primário demonstra sua funcionalidade. Segundo o filósofo, as plantas, os animais e os homens possuem alma. Ela seria o princípio ativo do movimento e da essência, em sua razão. A essência da alma na planta é conferir-lhes o movimento para a nutrição; a alma animal denota em sua essência o movimento para a nutrição e reprodução, enquanto a alma humana carrega em sua essência o movimento para a nutrição, reprodução e a razão com todas as suas faculdades.
Em seu artigo Três Ensaios para a Teoria da Sexualidade, Freud aprimora o pensamento, até certo ponto, do filósofo Aristóteles, ao equiparar a funcionalidade de energias que envolvem a persona humana com a de animais. Um ponto relevante a ser discutido é sobre as necessidades sexuais encontradas em homens e animais. Destas necessidades, o mestre de Viena expõe o equívoco das ciências vigentes que negaram a existência das necessidades sexuais na infância. Esta energia foi chamada de pulsão sexual, libido. Ela projeta no homem características importantes que influenciam o desenvolvimento da personalidade. Freud desenvolve, então, a teoria da sexualidade para compreender cientificamente o processo psíquico da formação contínua da personalidade, e ele se vale da pulsão sexual existente no homem para provocar a ciência a descobrir outras verdades.
Refletindo sobre a homossexualidade, inversão.
Compreendido o conceito de pulsão sexual, que é a energia voltada para as necessidades sexuais, faz-se necessário entender como ele flui, age. O objeto sexual será considerado o outro de onde provém a atração sexual, enquanto o alvo sexual é a ação que é impelida pela libido.
Na obra O Banquete, de Platão, temos a condição aceita e mítica do que seja o amor: a união com sua outra metade. De algum modo, homem e mulher se completam. É por meio do amor e do sexo que existe a perfeição do encontro entre um e outro. Grande espanto é quando um homem deseja unir-se a outro, ou uma mulher deseja unir-se a outra. Tais pessoas eram conhecidas como ‘invertidas’. 
No processo de inversão, as pessoas podem se comportam de maneiras diferentes, podendo ser:
Invertidas absolutas: quando o objeto sexual é exclusivamente do mesmo sexo;
Invertidas anfígenas: quando o objeto sexual pode ser do outro sexo;
Invertidas ocasionais: aquelas que por inacessibilidade e/ou imitação do objeto sexual diferente do mesmo sexo, pode chegar ao prazer no ato sexual com pessoa do mesmo sexo.
            A aceitação da inversão por parte do próprio invertido pode ser algo natural ou não. Freud diz que os casos extremos de inversão podem ser considerados com existência prematura e que a pessoa sente-se com consonância com sua particularidade. Ainda, da origem, pode ser dito que equivocadamente dizia-se que a inversão advinha da degeneração nervosa, mas há claras evidências que negam o fato. Primeiramente, a degeneração foi erroneamente aplicada para casos em que não se tinham conhecimento adequado do termo. Ademais, encontra-se inversão em pessoas que não tem degeneração nervosa. A inversão pode ser encontrada em pessoas de elevado grau e notoriedade intelectual e ética. É preciso considerar ainda que a inversão foi encontrada em civilizações antigas, tendo seu papel de extrema importância.
            Pensavam, equivocadamente sobre o caráter inato ou adquirido da inversão. Tais ideias mostram-se frágeis para explicar a realidade, dada à observação de casos em que os invertidos absolutos não são totalidades.  Como o caráter inato não abarca a totalidade surge a ideia de adquirir a inversão. De imediato, a ideia cai por terra, pois pessoas podem receber estímulos externos como a sedução, a masturbação mútua e mesmo assim não se tornarem invertidas.
            Já que o caráter inato ou adquirido não pode explicar com eficácia e realidade a origem da inversão, outro recurso pode ser lançado para melhor compreensão. Existem pessoas que combinam caracteres sexuais masculino e feminino ao mesmo tempo, os hermafroditas.  Em casos raros coexistem os dois caracteres desenvolvidos plenamente. A maior parte dos hermafroditas vai atrofiando um ou outro órgão. Levando para o entendimento psíquico e mental, fica mais fácil compreender a etiologia da inversão. O homem é bissexual, mas no decorrer de seu desenvolvimento vai optando, talvez, para a monossexualidade. Deste modo, ele é um ser de possibilidades.
            A bissexualidade também, não é totalmente uma etiologia satisfatória para explicar a gênese da inversão, contudo, ela está atrelada a tal processo.  
            A teoria do hermafroditismo psíquico pressupõe que o objeto sexual do invertido seja do sexo oposto do normal. E algo há ser refletido é que no hermafroditismo psíquico o homem sente atração por outro, desde o seu objeto sexual reunisse características do sexo feminino, enquanto que a mulher invertida ativa espera feminilidade de seu objeto sexual.
            Havia um entendimento universal da dependência e continuação entre a pulsão sexual e o objeto sexual. Freud mostra a partir de seus estudos que essa dependência e continuação são quase inexistentes, podendo até a pulsão sexual e a libido serem independentes.
Da pedofilia e zoofilia
            Freud ensina que a pulsão sexual necessita ser saciada. Quando esta se movimenta em busca de seu objeto sexual, ela precisa ser satisfeita e seu alvo sexual quase nunca, exceto em casos extremos, pode sofrer alterações. Para o homem que se satisfaz com uma criança ou animais, pode ser afirmado que ele está substituindo seu objeto sexual por inadequação do seu original. Poder-se-ia afirmar também, que tais desvios e pulsão sexual não pertenceriam à loucura, pois não são perceptíveis em pessoas com transtornos ou doenças mentais. Das pessoas que abusam de crianças, por exemplo, fazem parte aquelas que são mais próximas delas.
            Há de se pensar ainda, que pessoas com alguma anormalidade social e/ou ética, também assim se manifestará em sua vida sexual. Contudo, é notório que muitos que mantém uma vida sexual anormal encontram-se dentre as numerosas pessoas que demonstram uma normalidade social e ética.
            Desvios do alvo sexual:
transgressões anatômicas e fixações de alvo sexuais provisórios

            Alvo sexual normal é considerado a genitália masculina e feminina durante o coito. Elas, a genitálias, unem-se para satisfazer a pulsão sexual e saciar a fome que dela brota. Contudo, mesmo dentro do alvo sexual normal pode-se constatar a presença de aberrações chamadas de perversões. Elas podem ser transgressões anatômicas, quando as partes do corpo destinadas à união sexual sejam outras que não as genitálias masculina e feminina, e demoras ou fixações em regiões que servem apenas para estimular o prazer antes de chegar ao contato final das genitálias.
            A libido do homem no curso do alvo sexual depara-se com a supervalorização do seu objeto sexual. Antes do ato sexual, que irá saciar a ‘fome’ da energia sexual, os desejos do homem voltam-se para o corpo do seu objeto sexual, espalhando-se por completo. Em raros casos, essa supervalorização concentra-se primariamente na genitália. O amor então passa a ser fonte de verdade e credulidade no amado e no amante.
            Quanto à boca e sua forma de alvo sexual, a normalidade reside quando esta se encontra com outra, e a anormalidade ou perversão será quando ela se uniu a genitália do outro. Algumas pessoas irá entender que esta perversão não pode ser realizada pelo asco que dela recorre. Tal asco decorre de mera convenção social, e ele impele a supervalorização do objeto sexual. O asco contém em si a restrição ao alvo sexual. Pode-se constatar que os histéricos, especialmente as mulheres, demonstram asco à genitália de seu objeto sexual.
            Em se tratando do orifício anal, a perversão será quando a repugnância estiver presente no alvo sexual. É de se entender que o ato sexual anal não é restrito apenas aos invertidos, nem que ele seja sensível apenas aos mesmos.
            O alvo sexual nada mais quer que apoderar-se do seu objeto sexual. A supervalorização sexual apresenta-se nas transgressões anatômicas a reivindicação enquanto parte genital, ou seja, as mucosas bucal e anal tentam comparar-se à genitália.

                        Fetichismo
            Quando o objeto sexual é substituído por outro que guarda certa relação com ele, mas que é impróprio para o alvo sexual normal, acontece o fetichismo. Em geral, o substituto do objeto sexual é uma parte do corpo ou um objeto inanimado. Para que o fetiche seja patológico é necessário que ele se fixe e se coloque no lugar permanente do objeto sexual normal. A escolha do fetiche é determinada, quase sempre, de uma impressão sexual recebida na primeira infância. Em outros casos, a substituição do objeto sexual normal pelo fetiche é algo simbólico e de pensamento, que não são conscientes.

            Alvos sexuais provisórios: fixações
            Tudo que venha a dificultar ou adiar o alvo sexual normal reforça a tendência em demorar nos atos preliminares e assim a formar novos alvos sexuais que podem substituir o normal.
O tatear e tocar a pele do objeto sexual faz parte do ritual de saciedade da pulsão sexual. Demorar-se no ato do tocar, desde que o ato sexual seja concluído, não figura entre as perversões.
O olhar que derivar do tocar desperta sensação libidinosa. A ocultação do corpo, culturalmente progressiva, desperta a curiosidade sexual que ambiciona completar o objeto sexual através de revelação das partes ocultadas. Isso não constitui um estado patológico. Contudo, quando o prazer em ver restringe-se exclusivamente à genitália, ou quando se liga à superação do asco, ou quando se substitui o alvo sexual normal em vez de ele próprio ser preparatório, pode-se inferir caso patológico.

Sadismo e masoquismo
Da existência do prazer na humilhação ou sujeição teremos o sadismo, a forma ativa, e masoquismo, forma passiva.
Biologicamente, o homem não corteja seu objeto sexual. Ele, ao contrário, tenta vencer seu objeto sexual pela agressão e tendência a subjulgar. De tal modo, a etiologia do sadismo reside na agressão exagerada da pulsão sexual canalizada para o lugar preponderante, ou seja, seu objeto sexual. De todas as formas o homem é sádico e o que o definirá como perverso será a sua exclusividade em atos sádicos.
O masoquismo é a forma passiva do prazer em ser subjulgado, humilhado. Não deixa de ser sadismo, pois é a continuação do mesmo que se volta contra a própria pessoa.
A dor contém em si a possibilidade do prazer. Isso torna o sadismo e masoquismo um jogo, o qual permite que a pessoa seja ao mesmo tempo sádica e masoquista.

Perversões: considerações, variação e doença
Amplamente fora discutido sobre a condição sine qua non da perversão como doença degeneração ou doença. Esta hipótese pode ser descartada. Há um número elevado de pessoas com alvos sexuais normais que em um momento ou outro apresentam alvos sexuais pervertidos e substituídos. As transgressões anatômicas mostram que em circunstâncias favoráveis sempre serão adotadas como alvo sexual.
Há de convir que algumas perversões não deixam de ser patológicas (lamber excrementos, abusar de cadáveres e outras), e mesmo assim as pessoas podem e devem ser consideradas normais. Sua vida sexual que deverá ser considerada anormal, já que a anormalidade se manifesta somente neste campo. O que é considerado patológico é o caráter exclusivo e fixador da perversão.
Sobre as perversões fica claro que a pulsão sexual terá de travar luta com as resistências (asco, vergonha e dor). Tais resistências anímicas colocam o alvo sexual dentro do limite da normalidade.

A pulsão sexual nos neuróticos
A energia da pulsão sexual é a força primária e motriz das neuroses. Sintomas são atividades sexuais dos doentes. Eles constituem uma substituição de desejos e aspirações investidos de afeto. Por meio do recalcamento, a pulsão sexual é negada a chegar à sua plenitude. Esse processo inconsciente aspira a uma expressão apropriada de seu valor afetivo, ou seja, acontece uma conversão em fenômenos somáticos.
Os sintomas extraem força da pulsão sexual para somatizar. O caráter neurótico intensifica a resistência à pulsão sexual utilizando-se da vergonha, do asco e moralidade. Entre a urgência da pulsão sexual e a resistência ao que for sexual encontra-se a doença.
A psicanálise demonstra que por meio da sexualidade coexistem os sintomas psiconeuróticos. Deste modo, é por causa da negação da perversão que se instaura os sintomas. Caso as pulsões se expressem diretamente com propósitos de fantasias e em ações, não haveria as neuroses.
Sendo a neurose o negativo da perversão, pode-se constatar o quadro patológico nos neuróticos a partir de fatos como a existência de moções de inversão negadas em todos os neuróticos; as transgressões anatômicas reivindicam inconscientemente as mucosas da boca e ânus como genitália e assim eles geram sintomas; e novos alvos sexuais, como a pulsão do prazer em ver e do exibicionismo e a pulsão do sadismo e masoquismo, interferindo na conduta social do doente, fazendo a transformação de moções afetuosas em hostis, amor em ódio e assim por diante. 




Diêgo Santana

Correlação entre as teorias Topográfica, Estrutural e dos Instintos: pressupostos psicanalíticos para uma nova abordagem da mente.





Resumo: O presente artigo aborda os conhecimentos psicanalíticos estruturados por Sigmund Freud para compreensão do aparelho psíquico. De modo relacional, as teorias Topográfica, Estrutural e dos Instintos convergem para confirmar o valor científico da Psicanálise e é necessário o destaque desta interface.
Palavras-chave: Teoria Topográfica, Teoria Estrutural e Teoria dos Instintos.
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Abstract: This article discusses the psychoanalytic knowledge structured by Sigmund Freud to understand the psychic apparatus. So relational theories Topographic, Structural and instincts converge to confirm the scientific value of psychoanalysis and it is necessary to highlight this interface.

Keywords: Topographic Theory, Structural Theory and the Theory of Instincts.


INTRODUÇÂO

Sigmund Freud deu uma importante contribuição sobre a compreensão e o conhecimento do homem e do humano existentes em todo ser racional que possui uma cultura e fora educado - possui cultura, pois é um ser que tem raízes e identidade, e foi educado porque a educação é o processo de humanização.


Quando ele descobre o inconsciente humano e um funcionamento da mente humana, ele altera o curso de algumas ciências humanas, tornando o inconsciente a pedra fundamental para análise do ser humano. Com este entendimento, não é mais a razão quem governa a ação humana e haverá uma continuidade na vida mental. Os processos mentais não ocorrem ao acaso. Há uma causa para cada memória revivida, cada pensamento, sentimento ou ação. E afinal, depois de Freud o que seria a razão? Tão centrada nos discursos da Psicologia e Filosofia e de tantos outros conhecimentos, a razão não é mais a senhora que impulsiona o homem; o homem é agora, mais que nunca, o lobo do próprio homem, como afirmou Tomas Hobbes. E como dominar essa besta, essa fera que aterroriza o homem? O único caminho é entender a si mesmo, é debruçar-se sobre o desconhecido para que se faça conhecido, é um desvelamento do real.  Freud pesquisa sobre o funcionamento da mente humana e descobre esta afronta para a razão, que é o inconsciente. Não só o inconsciente, mas toda sua estrutura e as energias que o anima. Na vida psíquica haveremos de tomar o consciente para entendermos o inconsciente. Ele é uma forma de percepção de caráter imediato e certo. Imediato porque não necessita da mediação de algo para se tornar conhecido, como a ajuda da linguagem, por exemplo, para se tornar entendível, e certo porque configura a realidade.Em contrapartida, o inconsciente é um estado reprimido de conteúdos psíquicos, um esvaziamento do conteúdos dolorosos, e também fonte de desejos e energias como as ideias, por exemplo. Se uma ideia agora é consciente, e em dado momento ‘torna-se’ inconsciente, é louvável entender que assim acontece porque uma força repressora o fez. Tal força coloca a ideia consciente em um estado de ocultamento. O inconsciente tem, então, um caráter econômico, quando utiliza sua energia para tanto, e qualitativo quando sobressai sobre o consciente, determinando ora isto, ora aquilo. A força realizada para manter a ideia inconsciente é chamada de repressão. Freud foi além de apenas descobrir o inconsciente; ele descreve um plano espacial e gráfico da mente. Para isso ele elaborou um modelo de aparelho psíquico, que é representado em Consciente (Cs), Pré-consciente (Pcs) e Inconsciente (Ics). Assim, o Cs inclui tudo que está ciente em um dado momento. Toda compreensão se passa nesta estrutura, e é no Cs que as forças e todo mecanismo psíquicos se tornarão ressignificados, contudo terão que ter passado pelo Cs. É ainda no Cs que todo o conhecimento está ligado, mesmo o Ics. Em um sentido espacial e anatômico, Sigmund Freud colocou o Cs como o primeiro a ser atingido pelo mundo externo. Todas as informações que vêm de fora do homem, de início já podem ser consideradas Cs. O Pcs é responsável por tudo que é latente. De modo descritivo, o Pcs é inconsciente, mas por pouco tempo. Sem desperdício econômico, todo material do Pcs se coloca à disposição do Cs, basta um estado de concentração. Para qualquer conteúdo reprimido e recalcado tornar-se Cs, terá que ser mediado pelo Pcs. Uma das diferenças entre este e o Ics é a mediação verbal. O material Ics quando vinculado às representações verbais que lhe são correspondentes, tornar-se-ão parte do Pcs. As representações verbais são resíduos das lembranças vividas pelo homem. E antes de serem reprimidas, as lembranças, foram Cs. Em última instância o Ics, com os elementos instintivos ou pulsões. É no Ics que todo material reprimido e recalcado será destinado, assim o que é reprimido é Ics, mas nem todo Ics é reprimido. Uma característica do Ics é sua não-latência. Nessa disposição de Cs, Pcs e Ics temos a primeira Tópica de Freud ou teoria Topográfica. Foi um salto gigantesco para a Psicanálise porque traz elementos próprios, além de ser irrefutáveis até hoje, haja vista sua utilidade no setting analítico. É com essa teoria que a compreensão da mente tem outro significado, mas apesar de sua importância, surge outra problemática para Freud: depois de analisar a mente haveria de se questionar sobre como ocorria a animação e movimento da mente. Como seria possível um conteúdo inconsciente tornar-se consciente? Qual a importância deste ato? A mente se resume na teoria Topográfica ou haveria outros mecanismos e funcionamento a serem descobertos? Freud então vai mostrar que para um conteúdo mover-se de uma estrutura para outra seria necessário uma força. Mas não uma força qualquer, e sim uma que tivesse uma essência e característica própria, capaz de ser organizada e conferir mobilidade aos conteúdos. A teoria Topográfica situa as instâncias da mente, e apesar de dinâmica não revela ser móbil. Ela é motivada, então, por forças que se aperfeiçoa conforme o desenvolvimento humano. Quando criança, o ser não compreende o mundo e a realidade a sua volta. A criança necessita satisfazer suas necessidade (alimentação, sono, defecação, micção) e nada o impede de fazê-los. Ela só quer satisfazer-se, saciar-se. Tudo em sua vida é instinto. Se assim não fosse, não sobreviveria a um mundo tão complexo e exigente. Esses instintos chamados por Freud de pulsões são pressões que dirigem o ser para determinados fins, são forças propulsoras que incitam as pessoas às ações. Com a necessidade, o ser busca uma finalidade para satisfazer a mesma; para satisfazer é necessária certa energia para movê-lo em busca de tal. A satisfação do ser ao percorrer esses passos, contempla o objeto de sua satisfação. Esta é a estrutura dos instintos que mesmo anterior ao nascimento, os indivíduos são dotados. Esses instintos são expressos, ou seja, realizam sua tarefa por uma forma de energia chamada de libido. A libido foi classificada por Freud em pulsão de vida – Eros, que são os instintos que servem à sobrevivência humana, como a fome, a sede, o sexo, e pulsão de morte – Thânatos, que mostra o caráter finito do homem, já que o seu destino final é a morte. O ato de comer, por exemplo, é uma pulsão de morte, apesar de a pulsão de vida estar presente (alimentar-se para manter a vida), é necessário que se destrua o alimento antes de ingeri-lo, e fica notável o elemento da agressividade. Nessa convivência entre pulsão de vida e morte, os instintos são forças importantes que mobilizarão o homem para uma determinada ação. Como fora exposto sobre a criança, ela é dominada por seus desejos e instintos. E não sabe que é dominada por eles, o que lhe basta é saciar-lhes os desejos. As pulsões são então, uma energia que movimentará a ação humana para satisfazer aos desejos. Se, contudo, os desejos não puderem ser compreendidos e/ou realizados, sua força psíquica será enviada para uma parte do aparelho psíquico capaz de acomodá-la. O Ics é este ‘espaço’ que colherá o desejo reprimido por uma força. Mas que força é este que reprime? E por qual razão o Ics acolhe tal desejo?  Freud se via em uma encruzilhada de perguntas não respondidas pela sua teoria Topográfica. Havia a necessidade de repensar a mente, pois ela havia, em sua concepção, tornando-se um sistema passivo, imóvel. Então, Freud pesquisa e ver que existe algo que irá conferir dinâmica e interação à mente. Ele mostra uma concepção estruturalista que trouxe o id, o ego e o superego.  O deslocamento de uma energia mental é realizado pela razão de existir forças e instâncias próprias no aparelho psíquico que servem como órgãos deste. Por exemplo, nossa fonte de prazer e desejos é o id. Nele se concentra todos os instintos, paixões e desejos. O que o ser humano tem de mais primitivo e animalesco é reportado ao id. O conteúdo do id é inconsciente, hereditário e inato, mas também recalcado e adquirido. Economicamente o id é a fonte das energias psíquicas. O ego está ligado ao id. Mas como em repouso, o ego mostra-se em uma modificação do id. É ele parte do id que foi modificada pelo mundo exterior, ou seja, o princípio do prazer do id é substituído pelo princípio da realidade no ego, representando a razão, esta que oscila entre o Pcs e Cs. Para Freud, a importância funcional do ego é o controle sobre as abordagens à motilidade. Economicamente, o ego é o fator de ligação dos processos psíquicos. Embora esteja sempre oscilando entre o material psíquico do id e do superego, o ego tem uma autonomia relativa. Onde quer que vá, estamos levando conosco nossa bagagem de valores morais, éticos, religiosos e outros. Temos então, nosso superego ou ideal do ego, como sugere Freud. Ele quem impera, no sentindo de exercer domínio e conhecimento sobre o certo, o errado, o bem e o mau. É o censor do ego. Herdamos e criamos o formamos o superego com a dissolução do Complexo de Édipo. Como o superego está vinculado à moral, aos costumes, tradições, então sua formação será diferente entre as gerações.
            As teorias psicanalíticas revelam uma interação dinâmica entre si. Se por um momento, Freud consegue ver a incompletude de uma, por outro, ele pesquisa para complemento desta. Essa interação inaugura um novo modo de pensar a psique humana que desestrutura o corpo teórico de outras ciências. Mais que isso, as teorias confirmam aos poucos o grande legado que Sigmund Freud deixa ao mundo: a Psicanálise.


REFERÊNCIAS

FREUD, Sigmund. O ego e o ID e outros trabalhos (1923 – 1925). Volume XIX. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Imago: Rio de Janeiro, 2006. 
Diêgo Santana

Sobre o mecanismo psíquico dos fenômenos histéricos




O mecanismo psíquico dos fenômenos histéricos está embasado na patogênese dos sintomas histéricos e frisa que as razões de seu desenvolvimento deve ser buscado na esfera psíquica. Freud esclarece que todo o avanço na compreensão da histeria nasce do trabalho de Charcot, que na metade dos anos oitenta passou a se dedicar aos estudos da “neurose maior”. Para o pai da psicanálise entre os trabalhos de Charcot, nenhum é mais valioso do que aquele onde ele ensinou a compreender as paralisias traumáticas que aparecem na histeria. O trauma deve satisfazer algumas condições, que envolva um risco eminente de perigo ou morte. Não envolvendo trauma ou ferimento físico sério. Dado como exemplo, um homem sofre um golpe em seu ombro, mas logo vê que está bem e vai pra casa com uma pequena contusão, passado dias ou meses, certo dia o mesmo percebe o braço flácido e paralisado. Trata-se de um caso comum, onde o sujeito passa por uma aura (sensações premonitórias que precedem um ataque histérico), onde aquele golpe casou um risco de morte, constituindo assim um trauma.
Charcot irá explicar o processo reproduzindo-o artificialmente, levando o paciente a paralisia. Para isso ele precisa de um paciente que já esteja no estado de histeria e usará ferramentas como a hipnose e o método de sugestão. Após a hipnose, ele golpeia o braço ou usa a verbalização dizendo “Veja! Seu braço está paralisado!”, e o braço exibe os mesmos sintomas que ocorreram na paralisia traumática. Mas no exemplo a cima, vimos que o homem não precisou entrar em estado hipnótico pra sofrer a paralisia traumática, Ficando a paralisia traumática espontânea, paralela à paralisia por sugestão. Charcot adentrou profundamente nessa pesquisa criando um conhecimento amplo sobre a compreensão da histeria, mas não explicou como os sintomas histéricos na histeria comum, não traumática.
O Dr. Breuer também teve um papel importante na pesquisa sobre a histeria, ele efetuou um tratamento médico em uma paciente com histeria com etiologia não traumática, com sintomas de paralisia, contraturas, distúrbios de fala, entre outros. Ele desvendou a origem de cada sintoma e os meios de fazê-los desaparecer. Freud e Breuer se uniram e fizeram longas pesquisas com diversos pacientes histéricos e perceberam que os comportamentos do caso da mulher se repetiam nos demais pacientes. Podendo utilizar interferências justificadas do primeiro caso nos demais pacientes, se não a todos os portadores de histeria. O processo era analisar o sintoma separadamente, indagar sobre as circunstancias de sua primeira aparição, chegando a uma suposição clara de etiológica. Freud ressalta que essa na é uma tarefa fácil, que no geral não alcançavam respostas. O método para conseguir essas informações é árduo, os pacientes devem ser colocados em hipnoses e então indagados sobre a origem de um sintoma particular, “quando apareceu, o que lembram em conexão a ele?”, como sabemos a memória torna-se mais acessível na hipnose. Chegando a conclusão que por trás da histeria existe o fator afetivo, tornando o sintoma inteligível com o que se relaciona. Mesmo o trauma mecânico da histeria traumática o que produz o resultado não é o fator mecânico, mas o afeto de medo ou terror, o trauma psíquico. Sabemos agora que a natureza dos sintomas emergentes da histeria traumática ou não traumática está numa esfera psíquica.
A partir daqui Freud começa a citar alguns estudos de caso, como a paciente que apresentava uma contratura no braço direito e foi descoberto em hipnose que a natureza disso vinha de que um dia quando ela cuidando do seu pai doente deixou o braço sobre as costas dele, o braço ficou dormente, ela teve uma alucinação ficando apavorada e não conseguiu retirar o braço. Outro caso, dessa vez um homem, que no verão dormia muito bem, mas no inverno dormia muito mal. A investigação revelou que doze anos antes no inverno ele passou noites em claro velando pelo seu filho que estava acometido de Difteria. Sigmund nos alerta que o sintoma pelo trauma não é tão transparente assim, pois o que encontramos é uma relação simbólica entre a causa determinante e o sintoma histérico. O corpo tenta falar ou expressar o estado mental. Esses como os outros casos citados pelo médico ressaltam que toda histeria pode ser encarada com histeria traumática, por ocorrer um trauma psíquico e que todo fenômeno histérico tem natureza do trauma.
Vemos que cessando a causa, cessaremos o efeito. E Breuer descobriu em sua primeira paciente que encontrar a causa determinante era uma manobra terapêutica. Quando o psicanalista desvenda a natureza e a razão do sintoma ao mesmo tempo o sintoma se desfaz. Conseguiremos então suscitar a lembrança realmente vivida de forma real e original, observaremos o paciente envolto intensamente de afeto. E por fim levaremos o paciente a exprimir verbalmente esse afeto fazendo com que o sintoma crônico desapareça. A questão levantada por Freud agora, é como um evento ocorrido há dez ou vente anos continua exercendo poder sobre o sujeito e como essas lembranças não passaram pelo desgaste e esquecimento? 



Com a ajuda do gráfico, podemos entender melhor o mecanismo que o pai da psicanálise ensina. Quando o sujeito passa pela impressão psíquica, o aumento na soma de excitação por vias sensoriais ocorre. O sujeito reage de maneira motora para diminuir a soma de excitação, preservando sua saúde. Por exemplo, uma pessoa que fica calada a um insulto pode vir a lembrança evocar nele aquele afeto. O insulto sofrido em silencio pode causar um adoecimento. Lembrando que a pessoa mesmo em silêncio pode diminuir esse afeto, pela evocação de ideias como a de valor pessoal, da indignidade do inimigo, e assim por diante. Chegamos a conclusão que nos pacientes histéricos, não há nada além que impressões que não perderam seu afeto e cuja lembrança continua presente.



Dayvison Hebert.