Resumo: O
presente artigo aborda os conhecimentos psicanalíticos estruturados por Sigmund
Freud para compreensão do aparelho psíquico. De modo relacional, as teorias
Topográfica, Estrutural e dos Instintos convergem para confirmar o valor
científico da Psicanálise e é necessário o destaque desta interface.
Palavras-chave: Teoria Topográfica, Teoria Estrutural e
Teoria dos Instintos.
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Abstract: This article discusses the psychoanalytic
knowledge structured by Sigmund Freud to understand the psychic apparatus. So
relational theories Topographic, Structural and instincts converge to confirm
the scientific value of psychoanalysis and it is necessary to highlight this
interface.
Keywords: Topographic
Theory, Structural Theory and the Theory of Instincts.
INTRODUÇÂO
Sigmund Freud deu uma
importante contribuição sobre a compreensão e o conhecimento do homem e do
humano existentes em todo ser racional que possui uma cultura e fora educado -
possui cultura, pois é um ser que tem raízes e identidade, e foi educado porque
a educação é o processo de humanização.
Quando ele descobre o
inconsciente humano e um funcionamento da mente humana, ele altera o curso de algumas
ciências humanas, tornando o inconsciente a pedra fundamental para análise do
ser humano. Com este entendimento, não é mais a razão quem governa a ação
humana e haverá uma continuidade na
vida mental. Os processos mentais não ocorrem ao acaso. Há uma causa para cada memória
revivida, cada pensamento, sentimento ou ação. E afinal, depois de Freud
o que seria a razão? Tão centrada nos discursos da Psicologia e Filosofia e de
tantos outros conhecimentos, a razão não é mais a senhora que impulsiona o
homem; o homem é agora, mais que nunca, o lobo do próprio homem, como afirmou
Tomas Hobbes. E como dominar essa besta, essa fera que aterroriza o homem? O
único caminho é entender a si mesmo, é debruçar-se sobre o desconhecido para
que se faça conhecido, é um desvelamento do real. Freud pesquisa sobre o funcionamento da mente
humana e descobre esta afronta para a razão, que é o inconsciente. Não só o
inconsciente, mas toda sua estrutura e as energias que o anima. Na vida
psíquica haveremos de tomar o consciente para entendermos o inconsciente. Ele é
uma forma de percepção de caráter imediato e certo. Imediato porque não
necessita da mediação de algo para se tornar conhecido, como a ajuda da
linguagem, por exemplo, para se tornar entendível, e certo porque configura a
realidade.Em contrapartida, o inconsciente é um estado reprimido de conteúdos
psíquicos, um esvaziamento do conteúdos dolorosos, e também fonte de desejos e
energias como as ideias, por exemplo. Se uma ideia agora é consciente, e em
dado momento ‘torna-se’ inconsciente, é louvável entender que assim acontece
porque uma força repressora o fez. Tal força coloca a ideia consciente em um
estado de ocultamento. O inconsciente tem, então, um caráter econômico, quando
utiliza sua energia para tanto, e qualitativo quando sobressai sobre o
consciente, determinando ora isto, ora aquilo. A força realizada para manter a
ideia inconsciente é chamada de repressão. Freud foi além de apenas descobrir o
inconsciente; ele descreve um plano espacial e gráfico da mente. Para isso ele
elaborou um modelo de aparelho psíquico, que é representado em Consciente (Cs), Pré-consciente (Pcs) e Inconsciente (Ics). Assim, o Cs inclui tudo que está ciente em um dado momento. Toda compreensão
se passa nesta estrutura, e é no Cs
que as forças e todo mecanismo psíquicos se tornarão ressignificados, contudo
terão que ter passado pelo Cs. É
ainda no Cs que todo o conhecimento
está ligado, mesmo o Ics. Em um
sentido espacial e anatômico, Sigmund Freud colocou o Cs como o primeiro a ser atingido pelo mundo externo. Todas as
informações que vêm de fora do homem, de início já podem ser consideradas Cs. O Pcs é responsável por tudo que é latente. De modo descritivo, o Pcs é inconsciente, mas por pouco tempo.
Sem desperdício econômico, todo material do Pcs
se coloca à disposição do Cs, basta
um estado de concentração. Para qualquer conteúdo reprimido e recalcado
tornar-se Cs, terá que ser mediado
pelo Pcs. Uma das diferenças entre
este e o Ics é a mediação verbal. O
material Ics quando vinculado às
representações verbais que lhe são correspondentes, tornar-se-ão parte do Pcs. As representações verbais são
resíduos das lembranças vividas pelo homem. E antes de serem reprimidas, as
lembranças, foram Cs. Em última
instância o Ics, com os elementos
instintivos ou pulsões. É no Ics que
todo material reprimido e recalcado será destinado, assim o que é reprimido é Ics, mas nem todo Ics é reprimido. Uma característica do Ics é sua não-latência. Nessa disposição de Cs, Pcs e Ics temos a
primeira Tópica de Freud ou teoria Topográfica. Foi um salto gigantesco para a
Psicanálise porque traz elementos próprios, além de ser irrefutáveis até hoje, haja
vista sua utilidade no setting
analítico. É com essa teoria que a compreensão da mente tem outro significado,
mas apesar de sua importância, surge outra problemática para Freud: depois de
analisar a mente haveria de se questionar sobre como ocorria a animação e
movimento da mente. Como seria possível um conteúdo inconsciente tornar-se
consciente? Qual a importância deste ato? A mente se resume na teoria
Topográfica ou haveria outros mecanismos e funcionamento a serem descobertos?
Freud então vai mostrar que para um conteúdo mover-se de uma estrutura para
outra seria necessário uma força. Mas não uma força qualquer, e sim uma que
tivesse uma essência e característica própria, capaz de ser organizada e
conferir mobilidade aos conteúdos. A teoria Topográfica situa as instâncias da
mente, e apesar de dinâmica não revela ser móbil. Ela é motivada, então, por
forças que se aperfeiçoa conforme o desenvolvimento humano. Quando criança, o
ser não compreende o mundo e a realidade a sua volta. A criança necessita
satisfazer suas necessidade (alimentação, sono, defecação, micção) e nada o
impede de fazê-los. Ela só quer satisfazer-se, saciar-se. Tudo em sua vida é
instinto. Se assim não fosse, não sobreviveria a um mundo tão complexo e
exigente. Esses instintos chamados por Freud de pulsões são pressões que
dirigem o ser para determinados fins, são forças propulsoras que incitam as
pessoas às ações. Com a necessidade, o ser busca uma finalidade para satisfazer
a mesma; para satisfazer é necessária certa energia para movê-lo em busca de
tal. A satisfação do ser ao percorrer esses passos, contempla o objeto de sua
satisfação. Esta é a estrutura dos instintos que mesmo anterior ao nascimento,
os indivíduos são dotados. Esses instintos são expressos, ou seja, realizam sua
tarefa por uma forma de energia chamada de libido. A libido foi classificada
por Freud em pulsão de vida – Eros, que são os instintos que servem à
sobrevivência humana, como a fome, a sede, o sexo, e pulsão de morte –
Thânatos, que mostra o caráter finito do homem, já que o seu destino final é a
morte. O ato de comer, por exemplo, é uma pulsão de morte, apesar de a pulsão
de vida estar presente (alimentar-se para manter a vida), é necessário que se
destrua o alimento antes de ingeri-lo, e fica notável o elemento da
agressividade. Nessa convivência entre pulsão de vida e morte, os instintos são
forças importantes que mobilizarão o homem para uma determinada ação. Como fora
exposto sobre a criança, ela é dominada por seus desejos e instintos. E não
sabe que é dominada por eles, o que lhe basta é saciar-lhes os desejos. As
pulsões são então, uma energia que movimentará a ação humana para satisfazer aos
desejos. Se, contudo, os desejos não puderem ser compreendidos e/ou realizados,
sua força psíquica será enviada para uma parte do aparelho psíquico capaz de
acomodá-la. O Ics é este ‘espaço’ que
colherá o desejo reprimido por uma força. Mas que força é este que reprime? E
por qual razão o Ics acolhe tal
desejo? Freud se via em uma encruzilhada
de perguntas não respondidas pela sua teoria Topográfica. Havia a necessidade
de repensar a mente, pois ela havia, em sua concepção, tornando-se um sistema
passivo, imóvel. Então, Freud pesquisa e ver que existe algo que irá conferir
dinâmica e interação à mente. Ele mostra uma concepção estruturalista que
trouxe o id, o ego e o superego. O
deslocamento de uma energia mental é realizado pela razão de existir forças e
instâncias próprias no aparelho psíquico que servem como órgãos deste. Por exemplo, nossa fonte de prazer e
desejos é o id. Nele se concentra
todos os instintos, paixões e desejos. O que o ser humano tem de mais primitivo
e animalesco é reportado ao id. O
conteúdo do id é inconsciente, hereditário e inato, mas também recalcado e
adquirido. Economicamente o id é a fonte das energias psíquicas. O ego está
ligado ao id. Mas como em repouso, o ego mostra-se em uma modificação do id. É
ele parte do id que foi modificada pelo mundo exterior, ou seja, o princípio do
prazer do id é substituído pelo princípio da realidade no ego, representando a
razão, esta que oscila entre o Pcs e Cs. Para Freud, a importância funcional
do ego é o controle sobre as abordagens à motilidade. Economicamente, o ego é o
fator de ligação dos processos psíquicos. Embora esteja sempre oscilando entre
o material psíquico do id e do superego, o ego tem uma autonomia relativa. Onde
quer que vá, estamos levando conosco nossa bagagem de valores morais, éticos,
religiosos e outros. Temos então, nosso superego ou ideal do ego, como sugere
Freud. Ele quem impera, no sentindo de exercer domínio e conhecimento sobre o
certo, o errado, o bem e o mau. É o censor do ego. Herdamos e criamos o
formamos o superego com a dissolução do Complexo de Édipo. Como o superego está
vinculado à moral, aos costumes, tradições, então sua formação será diferente
entre as gerações.
As teorias psicanalíticas revelam uma interação dinâmica
entre si. Se por um momento, Freud consegue ver a incompletude de uma, por
outro, ele pesquisa para complemento desta. Essa interação inaugura um novo
modo de pensar a psique humana que desestrutura o corpo teórico de outras
ciências. Mais que isso, as teorias confirmam aos poucos o grande legado que
Sigmund Freud deixa ao mundo: a Psicanálise.
REFERÊNCIAS
FREUD, Sigmund. O ego e o ID e outros trabalhos (1923 – 1925). Volume XIX. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Imago:
Rio de Janeiro, 2006.
Diêgo Santana
Muito bom o texto, parabéns.
ResponderExcluirPara os iniciantes como eu, uma abordagem de fácil compreensão.
Parabéns
Muitoooo bom! fico feliz de ler e entender. obg
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